terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Uma história de natal

De tudo o que há na vida, o que se leva é o amor.
Era uma vez Deus. Ele então fez nascer uma mulher e disse-lhe: tenha filhos e povoe a Terra de amor. E a mulher, obediente, teve filhos, que tiveram filhos, que tiveram filhos e que tiveram filhos. E o amor se foi multiplicando e todos os anos transborda, por pura falta de espaço, nas festas de natal.

E estas festas de natal ganharam um nome especial: É o Natalice.

Alice é a minha avó. Sou a segunda filha do segundo filho da minha avó. Não herdei os poderes mágicos dela, mas o amor transborda em mim também nesta época do ano. E a minha vontade de lá estar explode em mil pedacinhos de saudades e deixa-me com aquele gostinho de rabanada com açúcar e canela que faz a casa toda cheirar a natal. Não sou eu o único galho da família que está distante. A família precisava se espalhar pelo país todo, pelo mundo, para que todo o amor que nos transborda ficasse espalhado pelo chão da terra, como semente de flor. Já era mandamento do Senhor desde antes de nascermos. Todos nós carregamos no peito a marca de Alice.

Quando ainda ninguém falava em diversidade, já minha família se misturava. E foram-se misturando cores e sotaques e jeitos de todos os tipos. E a família foi-se vestindo de graça e elegância, como os passarinhos, como as borboletas, como os gatinhos: De muitas cores, de muita beleza, de muita doçura. Todos somos diferentes e todos somos o mesmo. Estamos longe e estamos juntos. Somos únicos e somos um só.

A minha avó Alice não vive num país das maravilhas, mas criou um mundo de maravilhas para que vivêssemos todos nele. E descobrimos as maravilhas desse mundo quando nos juntamos, quando rimos, quando comemos, bebemos e falamos. E falamos de tudo e de nada, numa cacofonia tão grande que só nós entendemos. E então percebemos como é que Deus entende as nossas orações. É um poder que só Ele tem.

E Deus disse que era hora de uma nova geração. E decidiu que nasceria uma mulher e que esta mulher multiplicaria o amor que espalhamos pelo mundo. E ela nascerá plena, cheia de graça, lotada de amor. Seu pai é herói e sua mãe é artista. E sua mãe há de fotografar a nossa vida e veremos cores de um natal que nunca se acaba, que nasce dentro de cada um de nós todos os dias.

FIM

Verónica Vidal - sou quem sou porque venho de onde venho, e foi este o presente que Deus me deu.